Medicina Hiperbárica e a Pandemia do Covid 19

                                        




Medicina Hiperbárica e a Pandemia do Covid 19


O tratamento com oxigênio hiperbárico é muito útil e até essencial, em já conhecidos casos selecionados. São indicações de tratamento baseadas em conhecimentos de fisiologia, patologia, racionalidade, algumas pesquisas e experiências decorrentes da prática por mais de 50 anos.  No entanto, esta base de sustentação da oxigenoterapia hiperbárica (O2HB), foi construída sobre terreno seguro,  por que lidando com doenças e lesões cujas fisiopatologias, e em alguns casos até as histopatologias, são razoavelmente bem conhecidas.

 Por isso, nós que trabalhamos com medicina hiperbárica, ficamos confortáveis quando tratamos os pacientes portadores das doenças listadas no rol de indicações da UHMS (Undersea & Hyperbaric Medical Society), da SBMH (Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica) e do CFM (Conselho Federal de Medicina). 


Por isso é também preocupante observar o andamento da nova onda que surgiu na área da O2HB, com a pandemia do Covid-19. Por que uma coisa é o Serviço de O2HB se organizar para tratar pacientes, cujos diagnósticos são aqueles com os quais lidamos regularmente, mesmo que sejam portadores assintomáticos da infecção, instituindo as necessárias medidas  de proteção dos pacientes e dos profissionais do Serviço e de desinfecção segura dos equipamentos. Outra, é se aventurar a “tratar” a infecção por Covid-19. 
É claro que protocolos de pesquisas nesse momento, podem e devem ser conduzidos. Nessa balbúrdia científica e terapêutica que estamos vivenciando, acrescentar uma nova experiência e aprender com ela é uma oportunidade imperdível, mas algumas questões não podem ser desconsideradas: até que seja provado o contrário, não há nada que justifique este “tratamento”, nem mesmo a reversão temporária da hipóxia sistêmica.  As razões para esta inadequação são claras: A hipóxia é devida à destruição da barreira alvéolo-capilar pela inflamação intensa e sustentada e obstrução trombótica da microcirculação alveolar e a O2HB promove a oxigenação apenas transitória dos tecidos, tem ação antiinflamátoria de curta duração, não tem ação anticoagulante mas promove vasoconstricção pulmonar e não tem efeito na reconstrução do tecido pulmonar lesado. Quem já tratou pacientes que tinham indicação correta e tinham também lesões pulmonares de outras etiologias, como BK (tuberculose), CA (Câncer) pulmonar, lesão pulmonar por radiação terapêutica ou enfisema por tabagismo, sabe disso. 

Não há na literatura trabalhos defendendo o tratamento de infecções virais com O2HB, mas há alguns que afirmam que tais infecções pioram com oxigênio hiperbárico. Não sabemos como o Covid-19 vai reagir à hiperoxigenação. Estas poucas considerações, por que ainda várias outras poderiam ser feitas, determinam que o Serviço de O2HB que assumir a conduta de “tratar” pacientes por Covid-19, só podem fazê-lo se estabelecerem um protocolo de pesquisa aprovado por comissão de ética, com o consentimento informado do paciente, acompanhado e avaliado por médicos não integrantes do serviço de hiperbárica, têm que estar preparados para lidar com complicações pulmonares, otológicas e clínicas agudas, têm que garantir a proteção individual e coletiva contra contaminação e não podem cobrar pelos “tratamentos”. Se não for assim,  será mais uma aventura irresponsável e provavelmente de motivação pecuniária.










Comentários

  1. Nesses tempos de covid 19,as pessoas podem fazer em grupos,num espaço confinado e sem ventilação?Como fica essa questão?

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  2. Minha precisa muito fazer o tratamento na Câmara hiperbárica. Ela pode fazer nesse momento? Qual o valor da sessão? Obrigada

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